Lançado há poucos dias, chega-nos o "
Arraial Split", um disco em formato CD-digipack.
A primeira ideia que se fica, ao ouvir o último segundo da última faixa é mesmo esta: o punk está vivo, respira e transpira!
Três bandas com um espírito muito ´
do it yourself`, juntaram-se para tocar temas próprios e também uns dos outros. Quiseram registar essa ideia em disco... e fizeram muito bem!
Cada banda interpreta três faixas, ou seja, no total são nove temas, sempre com ´prego a fundo`.
O CD abre com "Narsa" com a banda
74 (das Caldas da Raínha) muito ao seu estilo e com um punk rock solto e (neste caso) num´ martelanço` bem balanceado.
Segue-se "Gosto Da Minha Vida Pá" com uma parte instrumental bem forte, com uma linha de baixo segura. Há ainda tempo para um desvaneio musical, no final.
No fim, fazem uma versão de Gatos Pingados com um tema que é um
must da banda de Almada, "Não Estamos Mortos". A
cover é fiel ao original, mas interessante na voz do vocalista Marco Groba.
De seguida, são os
53A (banda de Lisboa) que trazem o ´swingante` "Zezé", tema com um refrão que se torna difícil (mas mesmo muito difícil) de sair da cabeça. A alusão ao ´personagem` algarvio é clara (Zezé Camarinha). Grande ritmo, sem dúvida, uma das melhores faixas do disco.
"Metes-me Nojo" acelera com um rasgo punk/hardcore, sem paragens nem retardar um segundo, com letra dedicada às autoridades fardadas.
Fecham com "Inferno" (um tema original dos 74), com bom balanço.
Por fim, surgem os
Gatos Pingados, uma das melhores bandas a actuar ao vivo, presentemente.
A sonoridade muda um pouco, logo aos primeiros segundos nota-se a identidade deles.
Aliás, "Está A Puta Armada" é mesmo o B.I. da banda de Almada, ouve-se «
gatos pingados somos todos nós... és tu e eu...»
Depois vem a "Ressaca", faixa ´speedada` que apela à rodada e ao brinde de cerveja (bem gelada, segundo proclamam). Muito bom este tema.
No final interpretam "Fim Do Mundo" (um original dos 53A), com uma sonoridade pujante a roçar o
crust. A batida é seca, as guitarras atropelam-se num ritmo bem acelerado e a voz de Ricardo dá um cunho bastante pessoal à faixa.
Como referi, no total são nove temas, em cerca de trinta minutos de som, debitado em grande ritmo, a mostrar que o punk está bem vivo, a ´estrebuchar` e a espernear com muita garra e energia.
O aspecto do CD é o que menos interessa, mas na realidade é bastante apelativo, sem labels (nem editora, nem referências), sem código de barras, como ´manda a lei`. Mais punk é difícil.
Parabéns às três bandas pela ideia, pela concretização e pela consequente ideia de apresentar este disco ao vivo, em várias salas por diferentes cidades.
Para terem uma noção do que podem ouvir, aqui fica um vídeo alusivo a este lançamento...